terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Laranja mecânica


348º dia / 19º filme

Filme: Laranja mecânica

Ano de lançamento: 1971

Direção: Stanley Kubrick

O Rodrigo Cunha, do Cineplayers, classifica o filme “Laranja mecânica”, como sendo ao mesmo tempo, divertido e cruel, fascinante e perturbador, como uma reflexão que nos traz medo, sendo ousado e intrigante, trazendo Stanley Kubrick em sua melhor forma. É interessante que o Kubrick utiliza de toda sua força e seu vigor, como diretor para controlar os filmes com mão de ferro, e é isso que vemos nesta obra memorável do cinema do século XX.

O livro de Antony Burgess, conta, a partir de uma narrativa extremamente complexa um trecho da vida de Alex De Large, garoto, que vive as custas da mãe, e pertence a uma gang juvenil. E o filme retrata maravilhosamente bem o livro, recriando diálogos e nos causando estranhamento maior que o da própria leitura, pois somos levados à uma sociedade degradada, confrontando o excesso de cores à falta dela, cada uma com seu simbolismo específico.

Quando o filme foi gravado, esperava-se que a realidade que ele retrata fosse algo longínquo, distante de qualquer referência do século XX, mas vendo o filme hoje, percebemos que estamos a viver os insanos tempos de uma suculenta e mecânica laranja. O filme retrata a realidade de um grupo de jovens delinquentes que não se importa de forma alguma com a lei e a ordem, e fazem o que querem, e o que eles querem é o pior, estuprar, roubar, matar. Causar a dor e o sofrimento, utilizando o conceito mais trabalhado no filme “ultraviolência”. A violência neste filme nos é mostrada de forma performática, física e psicológica, uma hipocrisia social, um cinismo que impera. Nós somos apresentados à esta sociedade pelo próprio Alex, que como mencionei, faz parte de uma gang juvenil, que após determinados atos, Alex é preso e posteriormente entra em um programa de reabilitação, onde a pessoa é confrontada com a violência das diversas formas que ela pode ser vista, ao fim do processo de reabilitação ele passa a sentir nojo da mesma, por conta da exposição excessiva à formas de violência existentes.

A narrativa do filme, que conta no livro é o que mais impressiona, utilizando de expressões inexistentes. Absolutamente tudo comunica visualmente com o espectador, e um fator muito específico é o nosso anti-herói, que possui características extremamente enaltecidas pela nossa sociedade, como a repulsa a sujeira, etc. Principalmente a trilha sonora é trabalhada de forma anárquica, a música clássica representando a violência pulsante nas veias desta sociedade.

O óleo de Lorenzo


348º dia / 18º filme
Filme: O óleo de Lorenzo
Ano de lançamento: 1992
Direção: George Miller


O filme “O óleo de Lorenzo” , tem um dos aspectos, que a crítica de cinema da Revista Veja, Isabela Boscov, critica muito, e que concordo plenamente, que é a chamada “edificação do sujeito”. Por mais que o filme não se foque, visualmente no Lorenzo, do título, e sim em um pai e uma mãe desesperados à procura de uma possível solução para a doença de seu filho que tem uma doença rara, em estágio terminal.
Com muitas pesquisas e um empenho sobre humano, os pais de Lorenzo descobrem que um tipo muito específico de óleo pode minimizar os efeitos da doença no organismo , possibilitando assim, uma vida com traços de normalidade, só que se você parar para refletir, dificilmente rodariam um filme sobre o Lorenzo se não fosse sua doença. Então a doença edificou o sujeito, ele só virou filme, por conta da doença. E efetivamente não concordo com isso.
No filme a Susan Sarandon, que interpreta a mãe do garotinho, tem a meu ver a grande atuação de sua carreira. Não se engane, a história é sobre a doença do menino, mas a personagem que mais aparece, e que seja reconhecido, que interpretação magistral, mesmo que seja em função desta doença é a personagem de Susan, Michaela, por conta de sua atuação, consegue anular todos os outros atores em cena.
O garotinho que interpreta o Lorenzo é muito bom, e passou por uma transformação física, por conta da caracterização, que é memorável, arrancando lágrimas do público. O filme foi roteirizado e dirigido de forma a enquadrar-se da forma mais latu-sensu possível, na convenção cinematográfica atribuída Drama. Os atores salvaram o filme, pois seu roteiro é fraco, mas as atuações tornaram este um dos grandes filmes da última década do século XX.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tarzan – o magnífico


350º dia / 17º filme

Filme: Tarzan – o magnífico

Ano de lançamento: 1960

Direção: Robert Day

Todos os filmes ou desenhos do Tarzan tem um enredo muito simples, ou alguém invadiu a selva e está colocando a vida dos habitantes de lá em perigo, ou destruindo o ecossistema, ou então, ele encontra-se como bem feitor da lei, ao lado do delegado, levando algum foragido para pagar suas contas com a sociedade. A história de Tarzan não é nova, surge com lendas de homens-gorilas e tal, o próprio cinema já produziu filmes com esta temática, veja, Mogli o livro da selva, e outros tantos.

O que faz de filmes como “Tarzan – o magnífico”, sensacionais é o caráter memorialístico traduzidos em roteiros fracos, em produções de segunda linha, e enquadramentos comuns. Os cenários toscos, a caracterização precária, isso tudo me faz lembrar que cinema é sonho e como tal só se realiza com empenho e determinação, e assistir hoje, “Tarzan – o magnífico” e comparar com as produções da Disney, baseadas em filmes como este me colocam a pensar sobre quantas lendas o cinema cria e recria, e como somos capazes de nos envolver sentimentalmente com algumas delas.

Quem não se lembra das enfadonhas tardes, em que você passava assistindo Cinema em Casa, do SBT vendo “Tarzan – o magnífico”, um filme com alto orçamento para a época, com atores conhecidos, um Tarzan diferente do que as crianças de hoje conhecem, com uma tanguinha curtissima comprada em lojas de fantasia, um filme sem efeito visual algum, e justamente por isso, que a aventura era mágica, em seu estado “in-natura”. Este filme em específico conta a história da “entrega” de um assassino a seu destino, ou seja, a prisão, porém o barco explode, sendo Tarzan obrigado a conduzir o grupo pela selva. Como todo ser humano que já viu pelo menos um filme do Tarzan na vida, sabe, que quando ele entra na selva ele será atacado por animais ferozes, as mulheres se apaixonarão por ele, ele vai apanhar MUITO, dará o famoso salto na cachoeira, pulará de cipó em cipó, e agora eu pergunto, em um filme como esse, os pontos corriqueiros fazem falta se fossem retirados? COM TODA CERTEZA! Talvez, para alguém que nunca viu, ache ruim, mas para quem via Tarzan desde os 5 anos de idade essas tosquices fazem toda a diferença. Por isso eu convido quem tem mais de 20 anos assistir novamente “Tarzan – o magnífico”

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Harry Potter e a pedra filosofal


351º dia / 16ª filme

Filme: Harry Potter e a pedra filosofal

Ano de lançamento: 2001

Direção: Chris Columbus

Quem pensar que eu sou fã de Harry Potter, está coberto de razão. O primeiro filme da série estreou em 2001, eu tinha 12 anos, ainda era um garotinho no ensino fundamental, que não sabia nada sobre responsabilidade, ou sobre qualquer coisa, afinal de contas, com 12 anos ninguém é obrigado a saber grande coisa, nesses dez anos que se passaram, eu e toda uma geração crescemos, e crescemos acompanhados por um certo bruxinho. Enquanto o bruxinho passa por problemas infindáveis que sempre colocam em risco sua vida, acredito eu que boa parte dos fã s da série não passou por problemas que efetivamente colocassem em risco a vida, mas como bons adolescentes que fomos, acreditar que uma desilusão amorosa ou uma nota vermelha se compararia a uma partida de xadrez de bruxo, onde você pode efetivamente findar-se. desta forma nos sentimos ligados ao universo mágico de Potter, se nos livros e nos filmes a magia era e é representada de forma física, no mundo real para ávidas mentes juvenis o psicológico cria sonhos tão fascinantes como um feitiço.

Sendo eu, um grande entusiasta da amizade, mesmo se eu nunca tivesse visto os filmes ou lido os livros eu recomendaria sem pestanejar, principalmente o primeiro filme, onde uma criança rejeitada por todos o que ele tem por família encontra amparo e segurança na amizade. Os caminhos de Harry, Ronny e Hermione se cruzam, aparentemente por uma coincidência, mas a partir deste ponto estabelece-se um vinculo fortíssimo. Quando eu vejo críticas a respeito do primeiro filme, não dou grande importância, pois até aquele momento quais os referenciais que o cinema tinha de bruxas e bruxos? Filmes cafonas de péssima qualidade, portanto, “Harry Potter e a pedra filosofal” além de trazer um frescor à temática juvenil, com sacadas de ética e valores morais, descortinou horizontes no que tange aos efeitos especiais.

Não consigo ser imparcial e muito menos criticar o filme, pois cresci junto com este produto comercial, que para mim e toda uma geração não é uma mercadoria, é um arauto de felicidade e de amizade, amizade que como sempre é tratada de forma magistral por Chris Columbus.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Violência Gratuita


352º dia / 15º filme

Filme: Violência gratuita

Ano de lançamento: 2008

Direção: Michael Haneke

Ao contrário do que a grande maioria das pessoas que não me conhece pensa, por eu ter essa cara amarrada e parecer constantemente de mal humor, por quase nunca sorrir numa conversa onde não conheço as pessoas, diametralmente oposta a imagem que eu passo às pessoas, sempre gostei muito de acreditar no ser humano, de acreditar que o homem ainda tem solução, mas não, não se iluda como eu me iludi durante toda a vida. É uma constatação dura de ser feita, mas para nosso próprio resguardo, é bom termos em mente que o ser humano, de modo geral, não vale grande coisa, não me baseando unicamente nas premissas marxistas (pois em muitos casos elas são obsoletas e ridículas) o máximo que qualquer ser humano pode valer é o quanto ele pode ser rentável produtivamente, e olha que ultimamente nem isso tem feito as pessoas valerem grande coisa.

Nós, seres humanos, somos desprezíveis, idiotas, canalhas, crápulas e medíocres da pior espécie e se algum vínculo ainda consegue persistir, lutando a duras penas para controlar minimamente a animalidade presente dentro de cada um de nós, ao contrário do que se pensa não é a grande invenção do homem, o afamado amor, é sim a amizade, que tratarei no filme “Harry Potter”, próximo post do blog. O problema é que a amizade também pode ser destruída com o tempo. Todos nós temos o animal dentro de nós, por sorte, conseguimos mantê-lo imperceptível, escondido atrás de algumas ‘máscaras sociais’, seja num cargo de chefia, numa pessoa muito crítica, em uma pessoa que não consegue manter-se séria, em alguém sem expressões, que passa despercebida, em um excesso de emotividade. Todas estes são disfarces, ora conscientes, ora inconscientes, mas que escondem a fera que há dentro de cada ser humano. E o filme que eu comentarei hoje, atrasado por sinal, abordará esta temática.

O Sr. Michel Haneke, diretor austríaco, entende como poucos o quanto o ser humano é sádico, o quanto ele gosta e pede para sofrer, demonstrando que pedimos por absolutamente tudo o que nos acontece. O filme “Funny games”, na tradução literal ‘jogos engraçados’, mas no título em português, “Violência gratuita”, é uma refilmagem do filme “Funny games”, do mesmo diretor, rodado em 1998 na Alemanha. Michael opta por reconstituir exatamente o mesmo filme, alterando apenas os atores, mantendo, desde a metragem idêntica dos cenários do original, paleta de cores, até as roupas que os personagens usam. O filme foi filmado plano a plano como é o original de 1998.

O filme conta a história de uma família que vai passar o fim de semana na casa de campo, e assim que chegam, dois jovens vestidos de jogadores de golf os visitam, identificando-se como hóspedes da família da propriedade ao lado, pedindo ovos emprestados. A mulher dá os ovos, eles quebram, eles pedem mais ovos, novamente eles quebram, até ela perceber que a situação fugiu do controle, eles atacam o marido da mesma e explicam o jogo, tortura pela tortura, nada mais que isso, e ao fim eles matam a família.

O público fica chocado com a frieza e simplicidade que o filme se apresenta, porém, olhando-se para a carreira de Haneke, percebemos que as reações sobre seus filmes são estas mesmas, amor e ódio, e neste filme em específico, a violência é mostrada de forma ao mesmo tempo tão explícita, tão velada, pois ao espectador não é dada a oportunidade de ver a violência física senso infringida, ficando por conta da carga de referencias que trazemos com nós mesmos.

Nesta película nos é dada a escolha de ver o que queremos, pois a violência está em nós a princípio, então nossos traços animalescos coletados no decorrer de nossas vidas, a carga de violência que nos é imposta pela carga genética humana, que nos torna desumanos, consegue fazer com que vejamos monstros, mas nada vimos senão os reflexos de nós mesmos. O filme nada mais faz, senão incitar isto a partir de um intrincado jogo de palavras ou do som, e percebam que funciona, o som desperta as piores coisas que trazemos dentro de nós. E ao mesmo tempo nos é imposta a condição de terceiro agressor, todos os que assistem ao filme participam indiretamente da tortura, pois nós sabemos o que está se passando, os torturadores nos encaram, nos acenam, dialogam conosco com olhares. Portanto, pelo simples fato de conseguir demonstrar quem realmente somos tão claramente, todos os louros para Michael Haneke!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O fantasma da ópera


354º dia / 14º filme

Filme: O fantasma da ópera

Ano de lançamento: 2004

Direção: Joel Schumacher

O filme “O fantasma da ópera” a meu ver foi um dos grande fracassos na adaptação de um roteiro já adaptado. Explico. O musical “O fantasma da ópera” é simplesmente um dos 10 mais conhecidos e premiados da Broadway, portanto o livro homônimo já fora adaptado, para o teatro. Ao que me parece pegou-se exatamente o mesmo roteiro do teatro, e não houve a preocupação mínima em pensar que quem vai ao cinema pode não ter lido o romance do século XIX e nem assistido à peça. Não ouve consideração para com o expectador.

Deste filme eu não esperava nada menos que algo mágico, envolvente, sedutor, e de sedutor nele somente as cortinas do palco, pois nem o fantasma Eric, interpretado por Gerard Butler consegue ser minimamente misterioso e envolvente. Tanto o livro quanto o filme, se lido, ou visto hoje são apenas simpáticos, o filme é bem dirigido, com os cenários bonitos, alegóricos demais, mas bonitos, não obstante isso. O livro não é uma obra que se fala “Ooohhh que obra maravilhosa, vamos lê-la” de forma alguma,é um livro simpático, mas não aquele livro que você lê a primeira página e se sente na obrigação de seguir em frente. Particularmente esperava que na adaptação do cinema ele fosse rodado como filme mesmo e não no formato de musical, porque afinal de contas ele é conhecido mundialmente como o musical, então eu realmente acreditei que veria algo diferente, mas não, parece que posicionaram algumas câmeras no teatro onde o musical acontece e gravaram apenas.

É um filme muito bonito visualmente, com figurinos bem caracterizados com musicas que variam do desafino total à vontade de atear fogo ao seu próprio corpo de tão melosas, de modo que não recomendo o filme para alguém que levou um pé na bunda nos últimos dias, pois você certamente sairá mais confuso que entrou, pois não se é possível ter afinidade com qualquer que sejam os personagens, nem pela Christine, que é uma sonsa e muito menos pelo Eric, que é uma espécie de Emo mal resolvido sexualmente, metido a cantor. Então ao término do filme, a sensação que tenho é que houve preguiça dos profissionais que teóricamente seriam os responsáveis pelo roteiro, preguiça de pegar o livro, sentar e trabalhar nele, parece que pegou-se o roteiro do teatro e pronto, vamos fazer o que dá, e o que deu foi isso um filme ajeitadinho, no pior sentido da palavra e de sentimentos confusos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O sexto sentido


355º dia / 13º filme

Filme: O sexto sentido

Ano de lançamento: 1999

Direção: M. Night Shyamalan

Acredito que todo diretor tem o grande filme de sua vida, e o Sr. M Night Shyamalan dirigiu esse filme em 1999, ao fim de uma década de filmes do fracos, mas que no quesito suspense psicológico se superou, este é “O sexto sentido”.

O filme com Bruce Willis e Hale Joel Osment, o Shyamalan tenta se consolidar no gênero de suspense, mas alguém tem que avisar para ele que essa não é a praia dele. A praia do Shyamalan é entender os medos humanos. Como nossos medos reagem em nosso psicológico e como o terror psicológico revela-se em pequenos núcleos sociais, sejam eles uma família ou uma vila. Como nossos medos criam o “fator paraormal”, como nossos medos criam o inexistente? O diretor tenta se passar como introspectivo, sombrio, mas tá ai um cara que consegue entender os anseios e os medos da mente humana.

Quem nunca assistiu “O sexto sentido”? quem nunca se sentiu desconfortável com o desconforto de Cole Sear? Quem não se entrega a esse confronto? Bruce Willis, com poucas palavras mas expressões faciais cativantes e complexas, e Joel Osmet revelando-se um grande talento mirim. O encontro desses dois atores, juntamente com um exímio roteiro, conseguiram galvanizar a atenção de todos no ano de 1999. Quem não se comoveu com os medos do garotinho inseguro? O filme funciona como suspense psicológico e também como metáfora para a compreensão da solidão no universo infantil, que foram demonstrados pela fala complexa, enrolada, desajeitada e corrida de Cole.

O Shyamalan tem a mania de buscar um enquadramento novo para as cenas, e que fique claro que não é somente nesse filme, em todos os que ele já dirigiu ou produziu, pode esperar, sempre terão as desnecessárias e enfadonhas tomadas aéreas, que em nada acrescentam nos filmes. Esse filme principalmente não necessitava deste “Olhar” diferenciado, pois conta contou com um roteiro primoroso, uma direção fechada, introspecta e extremamente compreensível, para com seus personagens, onde as pistas são distribuídas meticulosamente no decurso do filme, a caracterização é muito bem feita, o clima de suspense, de incomodo está presente em a todo instante no filme, ninguém se sente confortável em momento algum. Os mortos a princípio te assustam, mas a posteriori uma carga humana é vista nesses personagens.

O filme consegue de fato explorar a psique humana, a existência ou não de “dons” especiais, de um sexto sentido, de termos ou não a ca pacidade, de nos comunicar com o além. O que existe após a morte? Podemos morrer e não ter consciência disto?

Fico triste ao ver esse filme hoje em dia e lembrar que este foi o primeiro e até agora ultimo filme realmente relevante na carreira desse diretor, que se encastelou e não aceita interferências nem sugestões em nada. Ele desaprendeu a fazer tudo o que ele fez de memorável e surpreendente neste grande filme, para o Sr. M. Night Shyamalan a experiência só fez mal. Realmente torço para que ele consiga retomar o curso e produzir novos filmes como o MARAVILHOSO “O sexto sentido”.

O escafandro e a borboleta


355º dia /12º filme

Filme: O escafandro e a borboleta

Ano de lançamento: 2007

Direção: Julian Schnabel

O filme francês, “O escafandro e a borboleta” é talvez uma das experiências visuais mais criativas e incômodas do cinema, juntamente com mais uns 6 ou 7 filmes. Ele conta a história do Editor da revista ELLE francesa, Jean-Dominique Bauby, com 42 anos, dois filhos, mantendo relacionamentos extremamente superficiais com modelos, em um dia como qualquer outro, passeando com seu filho, ele sofre um AVC que o deixa completamente paralisado, com exceção do olho esquerdo.

O diretor do filme, nos propõe esta condição, o aprisionamento. Esta sim é a grande sacada do filme, pois, como fazer um filme sobre uma pessoa completamente paralisada, senão em terceira pessoa? Schnabel propõe que assumamos o papel do personagem central, um ventríloquo vivo, uma mente saudável e a todo vapor preso em um corpo inerte, uma borboleta presa dentro de um pesado e desconfortável escafandro, e é essa nossa comunicação com o mundo, por meio do olhar de Bauby, um olhar desfocado, oscilante, e extremamente limitado. Enquanto temos a estranha sensação somos conduzidos pelos pensamentos de Jean-Dominique, que assumem o narrador em primeira pessoa, por meio de seus pensamentos que o conhecemos.

Com o auxilio de uma fonoaudióloga cria um mecanismo de extrair comunicação deste inusitado personagem, uma forma cansativa, lenta e pausada, mas que resulta na biografia de Bauby.A partir do momento que o diretor rompe a forma de ver de Jean-Dominique, temos o contraste das realidades, que nos são passadas de forma poética, com planos abertos e bem iluminados, acompanhados de uma calma trilha sonora, que contrasta com a ebulição do corpo inerte que encontra-se nela. Com o “Escafandro e a borboleta” somos convidados a rever conceitos sobre nossas vidas.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Esqueceram de Mim


355º dia / 11º filme

Filme: Esqueceram de mim

Ano de lançamento: 1990

Direção: Chris Columbus

Quem nunca assistiu em algum momento da vida o filme “Esqueceram de mim”, com Macaulay Culkin? Boa parte do ocidente cresceu junto com esse garoto, e como quase todos que o viram, sentiram as emoções que aquele garotinho em apuros passava. Quem nunca deu boas gargalhadas com os 1001 truques criados por Kevin para conseguir sair ileso e defender sua casa dos ladrões.

Me lembro que a primeira vez que vi esse filme, foi em uma noite de natal, atualmente ele vem sendo reprisado sem o menor respeito, para com as pessoas que foram marcadas por ele. Eu penso que determinados filmes jamais poderiam ser exibidos durante o dia, pois perdem o encanto, como é o caso de “Esqueceram de mim”, as crianças chegaram a um patamar de digitalização que perderam o encanto.

O filme como vários outros, tem trocentos problemas, com um roteiro fraco, mas extremamente inusitado, o filme é muito bonitinho, no melhor uso do termo, no diminutivo por conta da carga de sentimentalidade que esse filme carrega por quem foi marcado por ele geração pós geração.

Quem nunca se imaginou na pele de Kevin, o garoto esquecido pelos pais na casa, nas proximidades do natal. Nossa imaginação voava junto com a mente fértil do garoto esperto que se safava das adversidades protegendo a si mesmo e a sua casa, se vendo na obrigação de crescer naquele instante, mas sem perder a ternura e a beleza que só a infância poderia propiciar. O filme tem problemas? Sim. Eles são relevantes? Nenhum pouco!

O Oscar 2011


O Oscar 2011 está chegando, acontece dia 27 de fevereiro no Kodak Theater , e esse ano para nossa surpresa, a cerimônia não será apresentada pelos velhos conhecidos (tanto na idade quanto na apresentação). A academia finalmente está percebendo que os tempos mudaram e resolveram convidar este ano 2 atores da nova geração, que são considerados os grandes atores do amanhã. São eles, James Franco e Anne Hathaway, acredito que justamente pela escolha destes dois grandes atores, podemos esperar surpresas na noite do dia 27, e como todo mundo anda dando os seus palpites, palpitarei também.

A primeira grande premiação é melhores efeitos visuais, onde concorrem:

A Origem

Alice no País das Maravilhas

Além da Vida

Homem de Ferro II

Harry Potter e As Relíquias da Morte – Parte I

Quem me conhece sabe que sou fascinado pela série de filmes “Harry Potter” e adoraria mesmo que ele levasse esta estatueta, porque esse filme já acompanhou uma geração toda, só que reconheço que infelizmente ainda não será desta vez que vai levar o tão sonhado Oscar. Espero realmente que Harry Potter ganhasse muitos Oscars em 2012 coroando essa série de filmes que tanto contribuiu para o cinema e para a imaginação de tanta gente. Particularmente acredito que Melhores efeitos visuais está dividido entre “A origem” e “O homem de ferro II”, embora eu aposte que quem ganha é “A origem ganhar”, que como o casal de apresentadores revigora os conceitos da academia.

Na categoria “Melhor maquiagem”, concorrem:

A Minha Versão do Amor (Barney’s Verson)

Caminho da Liberdade (The Way Back)

O Lobisomem (The Wolfman)

Eu só vi “O lobisomem” e acredito que ele não mereça ganhar de forma alguma, e por não conhecer os outros filmes, não arrisco um palpite.

Na categoria “Melhor edição de som” concorrem:

Incontrolável

Toy Story 3

Tron – O Legado

Bravura Indômita

A Origem

Normalmente o que se vê em melhor edição de som e melhor mixagem de som é que ocorra uma dobradinha, ou seja, o prêmio para o mesmo filme, acreditando nisto, meu palpite vai para “A origem”, porém “Tron” (mesmo com todas as críticas) e “incontrolável” também tem boas chances.

Melhor “Mixagem de som”, concorrem:

Salt

A Origem

O Discurso do Rei

Bravura Indômita

A Rede Social

Como eu disse, acredito que “A origem” vá ganhar, embora “A rede social” tenha mais possibilidades e mereça mais, vamos ver se as mudanças vão afetar esta categoria ou não. Bravura indômita é indiscutivelmente um grande filme, mas merece prêmios por outros méritos, não mixagem de som e “Salt” seria uma boa indicação para atriz, já que a Angelina Jolie tenta tanto mais uma estatueta, e sua atuação como a espiã fora muito boa, embora o filme tenha sido um fracasso de bilheteria.

Melhor “Filme estrangeiro”:

Fora da Lei (Hors-La-Hoi, Argélia)

Dente Canino (Dogtooth, Grécia)

Em Um Mundo Melhor (In a Better World, Dinamarca)

Biutiful (México)

Incendies (Canadá)

Eu não vi nenhum dos filmes, mas o que tem-se ouvido na crítica especializada é que Biutifil seja o mais indicado a ganhar.

Melhor “Canção original”:

Enrolados (“I see the light”)

127 Horas (“If I rise”)

Country Song (“Coming home”)

Toy Story 3 (“We belong together”)

Nenhuma das quatro músicas conseguiu me marcar, porém nesta premiação existem grandes chances de “Toy story 3” ganhar, como uma espécie de prêmio de consolação, onde a academia diz, “reconhecemos o trabalho de vocês, mas ainda não estamos prontos para dar a uma animação o Oscar de melhor filme.”

Em melhor “Trilha original” concorrem:

A Origem (Hans Zimmer)

Como Treinar o seu Dragão (John Powell)

127 Horas (A.R. Rahman)

A Rede Social (Trent Reznor e Atticus Ross)

O Discurso do Rei (Alexander Deaplat)

A partir deste prêmio, começamos, a meu ver, visualizar os grandes campeões da noite, que como no Globo de Ouro serão “A rede social” e “O discurso do rei”, mas acredito que este prêmio em particular esteja dividido entre “A rede social” e “127 horas”, acreditando eu, que “A rede social” vá levar a estatueta.

Na categoria “Melhor figurino” concorrem:

Alice No País das Maravilhas

The Tempest

I Am Love

Bravura Indômita

O Discurso do Rei

Como eu disse sobre “Harry Potter”, eu adoraria que “Alice no país das maravilhas” ganhasse esse prêmio, embora eu acredite que ele não tem a menor chance de ganhar, o prêmio teoricamente está dividido entre “Bravura indômita” e “O discurso do rei”, ambos merecem muito, porém quem ganha é “O discurso do rei”.

Na categoria “Melhor direção de arte” concorrem:

Alice no Pais das Maravilhas

Harry Potter e As Relíquias da Morte – Parte I

Bravura Indômita

A Origem

O Discurso do Rei

O prêmio nesta categoria está a meu ver, dividido entre “A origem” e “O discurso do rei”, penso que “A origem” vá ganhar por conta da originalidade do roteiro e artisticamente falando, pela forma que este roteiro nos foi apresentado.

Na categoria “Melhor Fotografia”, os indicados são:

Bravura Indômita (Roger Deakins)

A Origem (Wally Pfister)

Cisne Negro (Matthew Libatique)

O Discurso do Rei (Danny Cohen)

A Rede Social (Jeff Cronenweth)

Nesta categoria, o páreo está entre “Bravura indômita” e “O discurso do rei”, levando a estatueta, “Bravura indômita”.

Na categoria “Melhor edição”, concorrem:

Cisne Negro

O Vencedor

O Discurso do Rei

127 Horas

A Rede Social

Acredito que indubitavelmente o prêmio vá para “A rede social” por conta de todos os méritos que lhe foram atribuídos em uníssono pela academia de cinema.

No quesito “Melhor roteiro adaptado”, concorrem:

Inverno da Alma, por Debra Granik e Anne Rosellini

127 Horas, por Danny Boyle e Simon Beaufoy

Toy Story 3, por Michael Arndt

A Rede Social, por Aaron Sorkin

Bravura Indômita, por Joel e Ethan Coen

Penso que o prêmio esteja dividido entre “Inverno da alma” e “A rede social”, apostando novamente belíssimo trabalho de David Fincher, em “A rede social”.

Na categoria “Melhor roteiro original”, concorrem:

Another Year, por Mike Leigh

O Vencedor, por Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson

A Origem, por Christopher Nolan

Minhas Mães e Meu Pai, por Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg

O Discurso do Rei, por David Seidler

Gostaria muito que “Minhas mães e meu pai” ou “o vencedor” ganhasse, mas o que se vê é que o prêmio é de “O discurso do rei”.

Na categoria “Melhor atriz coadjuvante”, concorrem:

Melissa Leo (O Vencedor)

Amy Adams (O Vencedor)

Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei)

Hailee Steinfield (Bravura Indômita)

Jack Weaver (Reino Animal)

Eu acredito que a Hailee Steinfield vá conseguir a estatueta , embora Melissa Leo e Amy Adams mereçam da mesma forma.

Na categoria “Melhor ator coadjuvante”, os indicados são:

Christian Bale (O Vencedor)

Jeremy Reener (Atração Perigosa)

John Hawkes (Inverno da Alma)

Mark Ruffalo (Inverno da Alma)

Geoffrey Rush (O Discurso do Rei)

Geoffrey fez um trabalho lindíssimo, mas esta estatueta tem dono, e ele se chama Christian Bale.

Na categoria “Melhor atriz”, as indicadas foram:

Natalie Portman (Cisne Negro)

Nicole Kidman (Reencontrando a Felicidade)

Annete Bening (Minhas Mães e Meu Pai)

Jennifer Lawrence (Inverno da Alma)

Michelle Williams (Blue Valentine)

Se o Globo de Ouro se repetir o páreo está entre Natalie Portman e Annete Bening, ambas merecem muito, por conta de suas lindas atuações, porém eu torço para que o trabalho de Michelle Williams seja reconhecido. Esta categoria é uma das mais bem representadas, pois todas as atuações ficaram impecáveis, mas fica minha torcida por Michelle Williams.

Na categoria “Melhor ator”, os indicados são:

Colin Firth (O Discurso do Rei)

Jesse Eisenberg (A Rede Social)

Javier Bardem (Biutiful)

James Franco (127 Horas)

Jeff Bridges (Bravura Indômita)

O James Franco entra nesta categoria apenas como frescor, reforçando, novamente que a academia aos poucos está modificando seus pensamentos arcaicos, mas o prêmio, embora eu discorde, vai para o marido de Penélope Cruz, o sr. Javier Bardem. Muito tem-se falado sobre o Jesse Eisenberg, ele representar bem é uma coisa, porém ser um ator maravilhoso é outra. Até agora ele se destacou nos papeis que fez, todos de personagens esquisitões, porque ele é assim, esquisitão, desengonçado, fala rápido demais, com cara de paranóico. Ele ainda tem que me provar que consegue representar outros tipos de papeis, senão jovens com fobias sociais.

Na categoria “Melhor diretor” concorrem:

Darren Aronofsky (Cisne Negro)

Joel e Ethan Coen (Bravura Indômita)

David O. Russell (O Vencedor)

David Fincher (A Rede Social)

Tom Hooper (O Discurso do Rei)

Nesta categoria os grandes nomes são os que mais se repetiram na noite “o discurso do rei” e “A rede social”, acredito que David Fincher e todo o frescor,toda a juventude, agilidade, segurança, pulso firme renderão a ele esta estatueta.

E chegamos ao grande vencedor da noite, o reconhecimento de um trabalho incomparável durante o ano que se passou. Os indicados, são todos vencedores por chegarem à grande premiação, onde as indicados são:

Toy Story 3 (Toy Story 3)

Inverno da Alma (Winter’s Bone)

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)

O Vencedor (The Fighter)

127 Horas (127 Hours)

Bravura Indômita (True Grit)

Cisne Negro (Black Swan)

A Origem (Inception)

A Rede Social (The Social Network)

O Discurso do Rei (The King’s Speech)

Eu gostaria muito que “Toy story” ganhasse, sendo reconhecida como grande potência do cinema, e fábrica de sonhos, sendo recompensados todos os esforços da trilogia “Toy story”, porém acredito que as possibilidades sejam mínimas, pois a Pixar ainda é considerado um estúdio que produz animações para crianças. Minhas Mães e meu pai é um filme bem feito, com vontade de dar certo, com todos os méritos à sua diretora, porém não será dessa vez que vai levar o Oscar para casa. O vencedor foi a meu ver a grande surpresa do ano, muito bem dirigido e gravado, mas por conta dos concorrentes, “O vencedor” não ganha. A briga da noite, como eu disse antes é de “O discurso do rei” e “A rede social”. O discurso do rei foi ganhando espaço aos poucos, ficando conhecido, levando o público ao cinema, tirando ótimas críticas, mas o vencedor da noite a meu ver é “A rede social”, sem sombra de dúvidas. Me senti redimido, em um ano de tanta porcaria que vi no cinema, quando vi “A rede social”. Que roteiro, que atuações, que direção, que história. O mito contemporâneo contado em seu tempo.